7/31/2010

Vozes roucas- Para Amanda Gartner


Nossas vozes
roucas na madrugada

cordas e oboés desafinados
harmônicos
descompassados

vozes cansadas
de um peito ameaçado
fogo cruzado
que era um papo furado
apenas.

Uma risada mais extasiante
com o grupo:
forte como a terra
invencível como os ventos

entre os nós da garganta
cânions

cânions entre cordas
arranhando

um violão baixo
álcool inundando
o piano grave

uma marca sem máscara
acende entre todas as conversas
da sala

um farol fraco
sem linha final

sal e cercas
arame farpado

notas machucadas
manchadas

na passagem do som

7/26/2010

Lua azul (cobalto)



Era a lua mais brilhante

me fez muitas promessas
imensas, românticas
tentadoras

me colocou o brilho nos olhos

mas


a primeira nuvem
mais graciosa
passou

a lua
cobalto ficou
e...

me deixou

7/20/2010

Vermelho


Ficar nua por dentro
vestir vermelho

cuidadosamente amarrar os cabelos
com pedras
conchas e fitas

raspar-se

gueixa querendo pintura
corpo querendo curvas

eu nasci de uma mancha de sangue
púrpura derretida sobre barro

ferro derretido sobre terra

sobrevivo no fogo
latente
batendo

fervendo pelas crostas
passendo no redemoinho

caçando você

maçã do amor

do vulcão.

7/15/2010

Maravilhosa...

http://www.cpflcultura.com.br/video/integra-que-pode-palavra-viviane-mose

7/14/2010

Profundeza

1.

Flores prontas para o funeral.Crinça assistindo tv. Mudas de limão, cravos da índia.Sorriso solto estampado no sorriso da porta. É uma imensidão de sol lhe rever.Carisma sobre o caminho, novas pedras preciosas para a sacola de talismãs.É a névoa que sopra como o caldeirão de neblina, no centro da terra. Um cânion de emoção. Uma neblina a mais. Tenho muito a dizer, mas esbranquiça a visão. Perco a memória. Assopro novas histórias da profundeza da terra.Quem ruge atrás desta colina de solidão: é uma rosa sonora.
E só.