8/29/2010

Confissões de uma artista cansada.

Quando as palavras saem de meus tentáculos, galhos, raízes: grito! Saio correndo no sol. Não gosto de reuniões. Não quero discutir o que é bom nas artes, nas literaturas. Eu sinto falta de alguém me mostrar uma foto borrada, uma palavra que tropeçou, um erro de português.Confesso inteiramente que muitas e muitas vezes, prefiro o sorriso e apenas a saudação "oi" do garçom que me atendeu no bar, do que uma peça de teatro contemporâneo...Essa palavra que desliza entre Conter/ Porão/ Oceano...Nado da indecisão suprema que é o devir. Desligo o dever. Apresento minhas poesias entre amigos. Cansei de vender o meu peixe.Para mim tudo se resume a nadar , o fluir incerto e salgado das águas do mar. Eu choro de aflição por não conseguir sair do meu jardim de palavras. Porque tenho que cavar o meu buraco e plantar dinheiro nele. Dinheiro: um pedaço de retrato-folha que nos algema. Sou uma arquiteta dos sentires.Uma gari da zona sul do Rio, recolhendo papéis escritos.Uma funcionária de um salão de estética da imagem. Uma dona de casa que alinha as cores das balas do altar. Eu sou uma artista da vida, e não consigo me criticar, me exemplificar. Eu apenas consigo piada, e rio, pra não chorar porque não sou enquadrada, circulada e nem grifada. Não sei o que sou.E isso me torna cheia e vazia ao mesmo tempo.Prefiro não me saber, confesso. E não estou procurando nada. Não sei o que represento, nem se tenho utilidade.
Eu lavo a louça como quem costura pedaços de vidro com metal. Não tenho espaço para dançar, espremo a fruta,
contato.