4/17/2011

Criança exterior


Serpentinas e papéis prateados chovem no salão. Uma menina rosa tenta reter a chuva colorida.Arrasta-se no chão. Pega os pequenos papéis e os atira forjando uma tempestade de alegria.
Minha primeira fantasia de carnaval era de uma cigana. Eu a usei até ficar curta, apertar. Quando a música terminava, em alguns espaços vagos entre as pessoas eu também catava confetes, prendia-os na saia. Gostava do carnaval de salão apenas por poder vestir a fantasia e para catar papel.
É difícil crescer.É difícil demais. Porque quando você é criança te ensinam que sonhar é melhor.Temos que acreditar em papai-noel, coelhinho da páscoa e principalmente cegonhas...
Pra tudo se acabar na quarta-feira?
Não...
Ás vezes eu acho que nunca cresci e sou tão teimosa que não quero parar de acreditar no meu planeta vermelho onde o jazz é a música ambiente e bolhas de sabão sopram e dançam entre corpos adultos. Queria todos os dias estourar algum balão, ganhar doce e ter uma dúvida sem responsabilidade do que eu vou ser. Do que eu sou.
Um dia eu abracei um cachorro gigante de pelúcia e tirei foto no sofá da Minnie.Acredito em fadas e gnomos. E penso que todo adulto fica procurando ser denovo aquele embrião que nunca sentiu nada e pode sonhar tudo. Que é protegido para não ser mau, não pensar mau, não agir mau, não ver o mau.
Acredito no olhar terno desta criança que desmonta a mais cruel armadilha do ódio.E que os olhos das minhas bonecas fecharam sozinhos.
Acredito que todo adulto sonha em poder tirar os sapatos e correr até o pé de goiaba, sujar o pé.
Acredito que só uma criança saber verdadeiramente para onde está indo.
Acredito e sei que sonho não tem idade, brincar é o remédio e rir até doer a barriga
é a lei.