8/26/2008

Dentro da casa




Devo abrir a porta e te dar a mão


Dentro desse pote

uma noite

e as suas mãos de neblina

passeando em meu corpo


puxo a cordinha


ao pé dos sonhos


os cabelos negros na lua


recortam um desenho entre o ventre


umbigo



Será o seu reflexo


a nossa casa à noite


ou essa floresta


que quer me convidar?




Há um respiro

atrás da porta


dentes e uivos

desejo



posso abrir o pote



ou devo abrir os olhos



ou a tampa

dessa caixinha?


8/22/2008

Itajaí








Fui muito bem recebida no NEFA, onde apresentei minha performance e lancei "Trêmulo" (Ed.Papa Terra, 2008).Foi lindo tudo.As imagens falam melhor.Bjão em todos que me apoiaram sempre. Ah..E a Lucinéia--boneca gentilmente cedida pelo núcleo para a performance. Viva a poesia!!!
Obrigratra especial ao pessoal do NEFA. Ao Sebba. Ao Cristiano Moreira.Ao SESC...




O homem, o rio e parte.


Aquele homem apareceu grávido de oito noitadas mal-dormidas. Passou por mim e levou meus anéis de delírio. Eu ofereci cálices, sobremesas, e noites entre galáxias.Ele não quis.Preferiu me enganar, marvcar um encontro e partir.Partir.Alguém me partiu em 3. Você é parte dos cristais que guardo e que corto. Este homem guardava uma sacola de talismã. Mirei-o do umbigo pra cima. Convidei a passear dentro desse abismo.Ele não acreditou que o abismo são outros umbigos,umbigos exagerados, umbigos que inflamam. Eu inflamei e queimei. Muitas vezes subi na carroagem do homem. Ele sempre queria melancias para jogar as sementes no caminho. Não sei porque montei no sonho. Na verdade eu procurava uma outra parte.Parte. Eu já a conheci.É meu oposto, mastiga com calma.Tem a alma parada, mas não apática. A alma voa como elefantes e suas orelhas de asa.Eu voei muitas vezes com a parte. A parte fala, e parece música, há quem ria das gírias e da simplicidade. Eu não, preferia deixar ligado todo tempo aquele rádio de voz que ela sussura. A minha parte nunca toquei. Mas ela toca todas as melodias com suspiro, hálito e calma.Minha parte parece uma árvore abraçada por uma criança.Eu a amo. Mas eu esbarro.Ela esbarra. Dizem que não tem rumo, é como o rio que transbora.Pode parar, transbordar, ou seguir.Pode molhar terras, balbucios,relvas. Ou pode vazar.Eu tenho medo que ela escorra. Então eu encontro o umbigo. A garganta.Parte.Me deixa partida. E o homem me leva.Eu o levo também. Porque é o único que me quer.

8/05/2008

Poemando na Pracinha








"Poeta,




trapo




poeta




trapo




trapo poeta



poeta




frigideira e limpador



alguém quer

limpador?



alguém quer limpar

dor?



poeta trapo
trapo

trapo


tudo junto




pedaço de palavra




pedaço




pedaço trapo


todo mundo junto


todo mundo misturado


pedaço de palavra


pedaço


trapo trapo trapo"




Ryana Gabech
Fotos: Alessandra Teixeira