5/27/2012

Passional x Racional

Meu coração: um barco sem vela.Coração: membro arrebatador do corpo.Sou exagerada com ele, exageradamente passional. Não tenho botão para me desligar.Para parar de sentir. E me perco entre os veios:alguém me diz para não pensar: ser artista e pensar é dar um tiro em si mesmo, "siga teu coração”-diz um ator.Mas os armários estão vazios.Estou indo embora. Estou divida em mil partes. Sem esqueleto, sem bússula, e depois de me despir inteira não sei que roupa vestir. Não sei diante da bifurcação, da concavidade interior, que rota virar.Que esquina parar, para onde olhar. E quando não atinjo, ataco, pirraço, mordo, amorno.E caminho incessantemente mas não me encontro. Mas não te encontro.Emeu imenso vazio: uma cratera que pulsa. Abismo.Cânion. Entre a alma e o corpo:meu peito embaraçado. Minha cabeça pesa sobre esta praça. E a cidade têm tons de cinza. Muitos prédios, nenhum muro. Esta cidade tem mãos espanholas têm mãos extrangeiras e é aí que me findo.Debulho-me em lágrimas porque não estou mais em mim diante de tantos mapas,ruas, tantos tabus. Os cisnes não me encantam mais. As águas são minhas testemunhas. Me sinto pequena denovo nascendo denovo. E se nada em mim é mais o que me sobra é o vão nos meus olhos. É a personagem que fui por último.A protagonista sem raízes. E neste caso fugir não é covardia. Neste caso fugir é um ato de coragem. A mulher por fora é dura. Por dentro:massa de ar densa em ebulição. Eu sou minha melhor amiga. Mas sou minha pior inimiga também. Estou sem matriz. Nada me prende. E tudo que era pilar desmoronou não fora, mas dentro. Um meteorito que não sei o nome, uma explosão sem alarde, uma cruz invisível no brilho da certeza. E o que me resta? São palavras que me povoam apenas e um espírito limpo. Com as mãos sujas. E essa última flecha que mirei agora me segue. E se não sei onde estou indo, quando vou acertar? Me acertar? Crescer dói.Passar dói. Deixar passar dói.