1/31/2008

Alas de Giovana



Para Giovana Venturini


O mar e o mel
no meu sorriso
giovana

que dedos você
escolhe para cavar
da terra a esmeralda
em mandala
que povoa o rio
da imaginação?

invisível

onde dormem
as opalas, estrelas
e consteações
da sua voz?

borboletas
portas
alas de feixes
multicoloridos
fractais de luz


a mandala viva
dentro dos olhos
de um menino
com fome

dentro da gota
que beija o rio

a mandala respira
ao lado

a l a

a forma se aproxima
cintila e desenha
firme
o lugar da cor

terra se curva
a quinta
dimensão

sopros entre
turmalinas,
cristais em pó
rondam
entrelaçam

geometricamente

o mundo dança
por dentro
giovana

o mago de suas visões
seus sentidos
entre seus dedos
frágeis e tênues
pincel e cerdas
de cura

cor
cura
cor

a cura do mundo

o mundo dá as mãos

e suspira


giovana

1/29/2008

Ciúme






Talvez eu quisesse
que de repente
entre a rosa
que você carrega
na mão
e o céu
a solto
por todo
lugar

todo lugar

é aqui que você deseja
realmente
ficar?

Não seria necessário
que você jamais
tivesse sorrido

mas que
eu
na imensa noturna
lagoa do medo

tivesse certeza
de que seu maior
riso

veio do meu abaço
com saudade e sol

Eu queria apagar
todas as fotos

mas não posso apagar
seus prazeres

embora entre nossos
dedos escorra
gozo e água

fogo,

meu íntimo grita
a mesma incerteza:

será da minha boca
ou da boca dela?


será do meu sonho
e do meu falar

que o caminho se abriu

em girassóis e orquídeas?

Ou seria qualquer pele
com cheiro de hortência

olhos de lilás-hortência

que não revestem

apenas
e somente

o meu corpo?

Onde você esconde
sua maor certeza?

é onde eu quero estar

Onde é sua terra?

É nesta que passeamos
em círculos?

é nela?

Noutra
jussara, amarílis,
avenca
menina?

e se eu não puder
dar

aquilo que você mais precisa?

e se aguém o possuir?

Minha placa é de declive
ruína e montanha

embora entre
os nossos suspiros

eu veja a fumaça verde
que costura
nossa minha
esperança em nós

tenho um medo
de não possuir

a vista da colina
que você mais
rememora


o cheiro que mais
marque suas narinas

a pele que você
mais pulsa
suar

meu maior calafrio
é não estar
entre seus eucaliptos
de respiro

embora eu traga
amoras silvestres
que exalam
entre os cabelos

meus pés
são de roda
e buraco

um buraco
de pedra frio,

fundo

e eu tenho um medo imenso
que você queira

mas não consiga

me dar a mão.

1/07/2008

Dente-de-leão






Vou soprar

do alto da torre
um dente-de-leão

que ele voe até você

com todas as risadas
que colecionamos
entre a foz
do rio


e o cais


você
dente-de-leão

sempre depois
ruptuosas tempestades
era o único
que se abaixava até o abismo

e me oferecia a mão

joguei as pedras fora
leão

joguei os dentes fora
fera
sossega-leão

estou esperando o seu abraço

eu sei que estourei o nosso balão
é que foram se amontoando
escárnios e carnes pútridas
que foram aumentando
crescento

na minha alma

até que explodiram

eu juro que tentei não acertar

mas a bala do meu mundo
culminou você

mas estou só
na torre
onde o leão ainda não se prosta
ficou só a lenda
do leão que tentou
não morrer de dor
dor
aquilo que fez
eu brigar você
minha dor
e
mesmo indo embora

você deixou uma folha
de alcachofra
e uns lápis

gris

como a cor

de nossas capas

e todas as coicidencias

que voam em dentes

para sempre