1/29/2008

Ciúme






Talvez eu quisesse
que de repente
entre a rosa
que você carrega
na mão
e o céu
a solto
por todo
lugar

todo lugar

é aqui que você deseja
realmente
ficar?

Não seria necessário
que você jamais
tivesse sorrido

mas que
eu
na imensa noturna
lagoa do medo

tivesse certeza
de que seu maior
riso

veio do meu abaço
com saudade e sol

Eu queria apagar
todas as fotos

mas não posso apagar
seus prazeres

embora entre nossos
dedos escorra
gozo e água

fogo,

meu íntimo grita
a mesma incerteza:

será da minha boca
ou da boca dela?


será do meu sonho
e do meu falar

que o caminho se abriu

em girassóis e orquídeas?

Ou seria qualquer pele
com cheiro de hortência

olhos de lilás-hortência

que não revestem

apenas
e somente

o meu corpo?

Onde você esconde
sua maor certeza?

é onde eu quero estar

Onde é sua terra?

É nesta que passeamos
em círculos?

é nela?

Noutra
jussara, amarílis,
avenca
menina?

e se eu não puder
dar

aquilo que você mais precisa?

e se aguém o possuir?

Minha placa é de declive
ruína e montanha

embora entre
os nossos suspiros

eu veja a fumaça verde
que costura
nossa minha
esperança em nós

tenho um medo
de não possuir

a vista da colina
que você mais
rememora


o cheiro que mais
marque suas narinas

a pele que você
mais pulsa
suar

meu maior calafrio
é não estar
entre seus eucaliptos
de respiro

embora eu traga
amoras silvestres
que exalam
entre os cabelos

meus pés
são de roda
e buraco

um buraco
de pedra frio,

fundo

e eu tenho um medo imenso
que você queira

mas não consiga

me dar a mão.

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