Só sou eu mesma quando escrevo, logo o mais verdadeiro de mim, a maior essência está ali, naquele embaralhado labiríntico de palavras . Há quem cria. E há quem contempla. Há quem se arrisca a ser poeta, mas poeta mesmo, não consegue viver sem poesia.As vezes as palavras me deixam no meio do caminho.As vezes elas me apontam um. As vezes as palavras me amarram na cadeira e não consigo sair até terminar.E com certeza, esse impulso que move e amaara, vem de uma sentido poético.Só a poesia amarra e liberta. A poesia é livre para fazer de nós o que quiser. Ela está aí. Só basta abrir a porta. Mas não é qualquer um quem pode sair por aí, pocurando as chaves da poesia em si e no outro. É um exercício de contemplar amanheceres, querer ver a sujeira e o apreço.Já ouviu muitos poemas de amor? Que bom, um entre cem poemas de amor são bons. Das obras dos melhores poetas, o que pulsa e vive, o cerne da obra,não fala de amor, fala da vida, da insatisfação, do querer outra realidade.
O tempo do romantismo já passou, e ninguém precisa morrer para escrever poesia. Mas a poesia não pode, nem deve ceder as academias, as grandes instituições. Os poetas, os trovadores, são espelhos do povo, da grande maioria. O livro pode não vender.Mas o disco vende. E o disco tem poesia. A música é poesia com e sem palavra. A poesia é a única nascente onde todas as artes podem se unir. Porque não tem normas. Não tem regras. Quer ser indiferente à realidade? Escreva uma ficção. Invente um personagem. Porque se na poesia você não puder ser o próprio personagem. Nem escreva o poema. Poema é verdadeiro quando é a gente. Quando parte da nossa mísera capacidade de ser alguém que tenta.Que tentar comunicar.Que tenta alguma coisa. Poesia vem da alma. nao tem fórmula, ph, medida, bússola, bula. Não tem. Ela de repente pega de supresa. E a paixão verdadeira é ela mesma. O sexo do poeta é com a poesia, antes de ser com alguém de carne e osso. De repente a poesia quanto a escreviam, enquanto davam á luz um livro, se desproviam de tudo. Bukowski, Mallarmé, Pound, Quintana, Drummond, Hilst, Gullar. Não escreveram poesia por prazer, ela os tirou um pouco da vida, e os colocou no mais profundo mar das sanções, das sinergias, do vazio, do medo. Nenhuma pessoa vive a poesia sem se transformar.
Porque poesia é difícil?Têm pouco público?
Porque quem a escreve tem de doar alguma coisa por ela.Tem que experimentar. Comer a barata?
Viver a barata.
Pensar sentir. Mudar.E quem lê, tem de assistir esse tratado entre o poeta e a poesia, quase sempre ele é conflituoso, verdadeiro e comovente. Ninguém fica ileso. E para viver poema tem de se ter a casca grossa. A gente sempre recusa o que não entende.Não gosta do que não entende. A poesia é tão profunda, que só quem resolveu largar a margem e nadar, pode sentí-la. Um dos primeiros poemas que mais amei ler, não entendi absolutamente nada do que o poeta falava entre as linhas de compostas por palavras e os intervalos entre os brancos dos versos.mas eu gostava.Demorou até alguém me explicar. Nem foi tão bom assim saber, a dúvida era mais interessante.
Poesia é atitude, é querer. É uma ferida com muita vontade de sarar. De modo que atrás de um grande poema, há um grande poeta, uma grande voz, e um eco vibrando para todos os lugares fora da página. Fora do áudio. Fora da imagem. A poesia é o barco do branco eterno que sempre espera o tingir de quem a escreve, e até a cor final de quem lê.É de frente, na frontalidade de uma escultura que se vive poesia, que se escreve poesia. É como andar entre as vidas de todas as coisas. É como estar entre as imagens do filme.
No vulgo espaço entre as vidas,as cenas, abraçando o acontecer,andando entre e sem quebrar os ovos.
2 comentários:
"boceta borrada de sangue"
lindo demais isso!
A poesia, enquanto insurreição em palavras, é-me um instrumento de existência: montanha que de eu ser o mundo no vazio absoluto erijo, com o único fim de me atirar de seu ignívomo cimo para pela bela morte a reconquista da poesia em carne acesa, no chão da vida: a qual, a suprema arte eterna, amortalhada de tempo.
Eu não sou Thierry - este se basta em estar; junto do mais desta pele de alma, estou su'água de morrer que só revolvoa nascente à cata de asas. Desde o silêncio, agora, assovio a lume amoroso um rio: a memória prum mar de esquecer. Sempre a meu lado, Thierry como longe se vai. Eu fico, inda a ele abraçado, estirado em sua voz.
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