1/04/2010

Do mar ao rio, uma canoa de livros.


Mar de livros – uma tenda encobre a corrente de palavras entre muitas margens, das docas de Porto Alegre às margens das alas de A a D. No Centro da cidade, a Praça da Alfândega transbordante de rostos que se intercalam na altura do olhar. As meninas dos olhos vagamente se distraem entre carrosséis de livros pendurados. Crianças miram-se no espelho colorido da fantasia.
Quem pode costurar as direções entre os estandes, se surpreende com os eventos simultâneos: leitores procuram e procuram, malabares dançam ao sol do meio dia, o sax se liberta na música instrumental. De minuto a minuto, os autógrafos, as receitas do escrever, o bate-papo com autores. Palavras faladas ao vento soltam-se em mil bocas desconhecidas e é possível ao passante pescar frases ondulantes no percurso.
Nem a chuva ou as pequenas poças que sobraram sobre as pedras intimidam os interessados. Entrevistas ao vivo nas rádios, livros-CD, livros-desenho, livros-parque e, numa poesia extrema, livros são docemente trocados por brigadeiros.
E a Feira se alastra pela antiga Força e Luz, o Centro Cultural Érico Veríssimo, no terraço da Casa Mário Quintana, na Bienal do Mercosul, nos bares da Cidade Baixa, onde se abrem os abraços dos amigos e de tantos desconhecidos que se aproximam. As afinidades se entrelaçam no calor da descoberta e põem abaixo as diferenças culturais.
A linguagem desagua nas nascentes do ler e escrever. Os livros são começos. As palavras, o caminho.

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