Inevitavelmente eu pergunto quem eles são. São proprietários de um corpo “tanque”, e talvez seja esse mesmo o seu principal objetivo. Não sabem perguntar. Aliás, perguntar o que?Se está tudo tão esteticamente pronto e entregue?
Talvez nunca tenham pensado em envelhecer, e que na velhice a manga fica murcha não dentro da gaveta, mas diante do reflexo. Eu me pergunto quem eles são por detrás das luzes e dragões que consomem pela pele e pela língua. Talvez eles, esnobes e covardes não experimentaram o vento, e também não viram que o ar pode dissipar as folhas de uma revoada de sentidos. O espaço, onde sentam e o que falam não importa.Só pode não importar! Porque em vez de transpirarem álcool dinheiro foto e marca, nitidamente não viram que o espaço é grande e que nós todos somos pequenos demais. Não, eu não comprei nenhum deles, eles se compram, se valorizam, apesar de não saberem responder onde fica o fígado e o que é a bílis. Do que eles gostam? É tão efêmero seu gosto e sua preferência que para saber, só ligando pelo menos vinte minutos o aparelho falante e iluminado com botões acionados de R$.
Eu me pergunto quem eles são. Homens de aparência merecida pela natureza. Eles puderam conhecer o mundo, traçar territórios, crescer e serem mais. E ficaram mais podres, mais arrogantes, mais sem caráter mais ascos mais sem cultura.Talvez nem saibam o que é cultura, mas estão criando a nossa. Nós pobres seres de letras e imagens que observam a vida e sua estranheza, a sociedade e sua complexidade.
Nunca pegaram na pá do lixo, nem para saber o seu peso. Talvez nunca tenham olhado de perto, sequer notaram que alguém a segurava como último consolo. Ou que sob o pó de suas istantes, talvez a empregada doméstica tivesse chorado a dificuldade de um dia sob a cômoda de algum de seus quartos.
Nunca contam vida. Mas somam rodas, latarias, piercings, bonés, e tribais e lisos cabelos de meninas-barbies .
Querem, querem, querem. Foram educados para nem pensarem se sim. Compram, e acham que tudo está a venda, até o sorriso e o grito. Eu me pergunto se um dia eles vão desejar o que não tenham visto. Se vão deixar de se apoiar em happy –hours músicas sem processo e futebol.Se vão ser mais que uma anêmona.
Eu me pergunto se eles são. Ofereço minhas letras e minha retina aglutinada de olhares de todos os lados captados. Espero qualquer manifestação: discutir brigar apaixonar. Eu espero uma reação qualquer, um movimento. Mas eles não são capazes.Talvez se eu estivesse com alguma parte da pele-proibida è deriva, eles me falariam.Mas até a anêmona me cederia o olhar, sem que eu precisasse mostrar a cor da minha erótica. E eu me pergunto até quando vou ter de vê-los e respira-los. Antes fossem mesmo apenas anêmonas.
8/02/2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário