E se aquele adeus fosse sem dor derramada. Um lágrima que está presa nas minhas retinas. E se você pudesse ter certeza do fim antes mesmo que o presente criasse pernas e começasse a andar. Está tudo retalhado no íntimo, como uma aranha armadeira que tece sua morada como o balanço de um colo de mãe. Parece que a geometria, o calor da terra, e os prismas de cristal, guardam um segredo de nós, parece que está perto demais, e por demais perto sua imagem me satura em grãos. A nossa casa em decomposição. Algum sonho apodreceu em baixo do travesseiro. Seus cheiros absorvem o mesmo momento do atraso, do corte, da finança em escorregador, o caos no jardim, e os lixos espalhados pelo porão de nossas faltas.Eu conto seus suspiros, talvez algum seja o último. A chegada e a partida. Seria esta saída, o último adeus?Eu conto seu último afagar também. Por que você diz adeus, se preencho seu armário de saudade, se pouco do meu perfume ainda envolve seus lençóis, se no teto, ainda há algumas sombras do nosso movimento em meia luz? Por que você diz adeus, se os laços nos puxam pelo pescoço e a nódoa de algumas fissuras ainda preenche o maior lugar do caminho? É um resto que permanece no chão. Uma macha de cor forte vai tornando a aparecer. Primeiro você chega com chagas, e sigo arrancando as vendas da ferida,curo. Depois te peço uma desculpa para desaparecer. E quando o tropeço está escrito tão forte quanto duas mãos em devoção. E se eu vejo a tempestade que se arma no seu olhar. E se eu avanço com medo das suas flechas. Como você pode garantir proeza que é ainda me possuir? Meus pés estão fincados aqui. Você vai correr com as minhas opiniões? Vai pôr pedras na minha esperança que lateja no cinza mórbido que preenche as ruas? E se eu não pudesse dizer nada mesmo vendo todo o precipício. E seu eu quebrasse o espelho do passado e pudesse não olhar para trás. E se u derramasse em nanquim as passagens que levaram meus pés ao sol. E se entre as manchas da minha pegada você ainda pudesse encontrar a chave dessa algema.E se as marcas dos meus pés que saem, borradas em nanquim pudessem voltar a trilha entre nós dois.E se você ainda pudesse me impedir.E se eu pudesse apagar o espaço cada vez maior entre as pegadas do adeus.
11/27/2007
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Um comentário:
é incrível como você consegue pegar palavras tão cravadas de Telma (como "aranha armadeira" e "nódoa"), e deixa-las totalmente impregnadas de outro sentido, de você.
eu acho que eu ainda não consigo isso, e eu fico puto!
kkkk
bjonzon!!
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