12/31/2007

Revés

Se uma estrela
se surpreende inteira

e é a própria constelação


sua voz vem
de duas rochas
que desenham
o redor
de um olho-planície
amedrontado

minhas costas doem
suas dores

as estantes pesam
nossos retratos

o seu medo
do meu dentro
se torna vermelho
sangue

conto as vezes
que estive entre
o seu maior pesadelo

me sopra o vento
torço
para parar
longe da sua faca

não quero ver a dor
e o ódio que você
germina entre as mãos

e o pior,

esse escaravelho
que habita
o meio do seu peito

eu não quis provocar isso



eu que te consertei
os arranhões

que não olhava o presente

mas protegia
em sonho
e suspiro
de gostar
absolutamente
acima de qualquer
agulha


de ter algo para passar
as palmas
e abraçar
em sono

Não preciso mostrar
o corpo para dizer
que doeu

Não preciso ir até
o cume do abismo
e gritar a invasão
e a brutalidade
que se mostrou
entre suas palavras
negras

não preciso chorar
e fingir vidro fino
para mostrar
que cortou

onde você anda escondendo
sua verdade-arma?

estava tudo bem

estava tudo colorido

dentro do meu travesseiro
só esperando
o seu sorriso

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