1/28/2009
ísis sem véu
Se me cerquei
foi porque não consegui dizer
tudo o que
a garganta engolia
o silêncio da cidade me alimenta
o silêncio da mata me chama
o silêncio da saudade
me corrói
o pouco me seduz
o pequeno me dá a mão
o véu que se rompe
é a minha casa
o silêncio das formigas
em trilho
é o meu desejo
para outra vida,
mais um pisão.
Os bichos peçonhentos
e os selvagens
moram no infinito
da minha alma
nenhum animal
me segue
Uma cabana de folhas secas
invisível aos olhos humanos,
uma lua nua
é o meu sonho.
Colagem
Cada dia que passa
mato uma parte de você
uma parte que foi minha
entre um cansar afogado
e um abraço
uma parte do seu braço-pedaço
fui inteira,
delizava entre seus poucos pêlos
e os poucos segundos que a minha boca
encontrou a sua
e embora tenha batido a porta
e não olhado para trás
seu peito me olha de frente
e me enfrenta com uma flecha
toda marcada com lembranças
pingos e gozos
ainda cruzamos o mesmo caminho
uma pontada urge
e embora você nao regue mais a planta
é uma trepadeira muda
ocupa a casa
respira você
essa faca me aponta
seco ou enterro?
matar você
é matar um pouco de mim
antes
A Educação- por Madame Zorayde
Vapor
1/26/2009
Nanquim
Esconda essas fotos
por favor
a primeira do álbum
e o escrito trêmulo
de nanquim
A mancha na blusa desbotada
é gim
e chocolate
Faz setenta e duas horas
alguém partiu
o pó saiu das prateleiras
e tomou as pálpebras
eu quis escorregar
nas bananas
dar adeus à mim
desleixo.
Entre as pegadas
perto da porta
uma mala
esquecida
e essa câmera
ligada
Maravilhoso- As pérolas do Terça Insana
A gente tenta apenas escrever poesia no blog. Mas ás vezes, os descansos e os risos entre os versos, usar e abusar da tecnologia, pode salvar um poema do afogamento, desta imensidão
de palavras.
Sheila-
de palavras.
Sheila-
O Baile
Parede gelada de vontades
desgostos
e vestidos rasgados
quem vai ao baile de despedida
da felicidade?
desgostos
e vestidos rasgados
quem vai ao baile de despedida
da felicidade?
1/20/2009
Consolo para um barco
Eu sou a prova exata
de choros e melancolias
as dores mais cruéis
escondidas
no mais escuro dos sorrisos
É como se eu pudesse
vestir minha capa vermelha
e derramar todas as angúrias
sobre essa areia gelada
e fina
há de ficar aqui, esta saudade.
Desaparece o rosto
da falsa rainha
costurada da boca
até o joelho
no peito uma amargura
e um novelo.
Hoje, meus risos
são entoados
de descaso e perscussão
um espantalho assustado
com suas próprias mãos
É com a mesma certeza
dos contrários ventos
que emudeço a lembrança
faço voltas na maré
alongo o silêncio do barco
E você,
o mar
é um presente embrulhado de ausência
um sapo na minha garganta
arranca
você
o barco de pedra
afundando
e a minha capa vermelha
entre as ondas flutuando
sozinha
no mar
como?
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