8/18/2009

Carta para o Descaso



Rostos empalhados
na prateleira

coleção de lascas
em formol

peças e trapos
em conserva

Esta cerâmica
da sua pele
me arranhou

é pó o fim

apenas um sorriso
sobrevive
ao maremoto
do "não"

Um dia você sonhou
ao me ver
no espelho do seu olhar

braços de dragão
calor por todas as frestas
orifícios em vulcão no corpo

franjas de ondas
em frenesi
luzes na montanha

tudo se dissolveu?

A flor que você trazia
na mão
se dissipou
no vento da minha
chegada

e o silêncio
me corta
me cega
me dói

Um dia você voltou as pegadas
para me pegar no colo
desviar o seu caminho

caindo no meu


um dia você me quis pra sempre

e nunca mais



*Performance com lebre morta de Joseph Beuys

2 comentários:

Ana Carolina Nogueira disse...

eeei querida, hehehe. entrei no seu também. li algumas ótimas. postei umas novas, se quiser olhar lá, beijos.

Priscila Lopes disse...

Ryana, adorei este em especial. Costumo acompanhá-la de vez em quando, colega catarinense da poesia, mas acho que ainda não havia comentado contigo.

Enfim, tenho tentarei ser um pouco mais presente. É importante o "feedback", é interessante também.

Um abraço.