8/06/2009

Fim*


Nossa história:um entardecer lilás e vermelho.Salvo as tempestades, tudo começa com paisagem.No fim, sujos do lodo de um pântano, choro como se a flor morresse e no jardim de maio uma máquina gritasse desfacelando toda grama, todo grão. Pondo fim as matas fulgorosas da memória. Um imenso deserto nos separa.Serrote, barbante e pedras empilhadas na porta. O preço de um sentimento, o peso de um perder.Roupas amarrotadas no gancho da rede. Terra espalhada pela sala de estar.Vasos quebrados.Amarração.
Entre duas rodas um sonho é sempre um sol.
Abre as janelas para esta dor passar.Passar você.Suas pequenas mãos sujas de graxa me oferecendo um lírio amarelo.Seu olhar curumim.Seu corpo proibido pelos sentidos, corrompido pela moral de uma raposa.Nós dois:um amor e um nó.Uma faca.Muito cega para cortar, muito pontuda para não matar.No fundo do buraco: a vida. E a tortura obscura do fim.
E tudo isso
escrito no espelho, com batom.


*Dedico este texto ao meu amado amigo Enzo.

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