4/18/2010

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A chave está debaixo de uma pedra. Não abro o porão.A porta está emperrada a noite toda. As luzes não chegam na escada. Lavo o chão com o sal grosso refinado pelo suor. Esfrego todas as cracas, conchas, caramujos e coelhos pretos. Escondo os arranhões. Ouço uma bateria no corredor. As baquetas fazem o toque de Ossâin. Canjica para Oxalá. Paz para todos os espíritos.Baldes de sapólio, alvejante, desinfetante. Novamente os lençóis saem da caixa.Vivo os cantos decadentes desta casa. A torre está inflamada. Desço ao saguão.Ouço uma risada e uma voz rouca que sai do pátio:

-Nós vivemos o quadro, gosto das cores.Aqui é um bom lugar para música.

Música.

Um comentário:

Gabriel Gómez disse...

Naõ paro de ouvir teu Cd... Já vi o making off no You Tube... e teu "Aviso" de você ser você, identifica muitos outros...
Livro marcante... Extrapola o verso.
Beijo.