5/03/2010

Morro do Palácio - Rio de Janeiro







Pior é solidão invertida. Cheiro de barro e cerveja nas calçadas.Crianças acordadas no som da buzina e gargalhadas. Quatro horas da manhã. Não posso olhar a janela. A casa não pode ser rebocada. É necessário não desejar as mulheres.Sobre os homens ninguém falou. Perco a escrita porque é necessário limpar os restos da festa. Completar o mármore do banheiro, concertar a caixa d água. Tapá-la. Os canos escorrem furados e escassos, livremente a pouca água acaba no caminho dos 169 degraus contados até o descanso. Uma semana no morro do Palácio. Praticando a vida da comunidade, partilhando intimidades e desconhecidos.Famintos. De lá pude ver a ponte. De lá, tive vontade de jogar a caneta fora para abraçar o tambor. A negra cor tão necessitada de pérolas, prismas e diamantes.Mas aqui é só futebol e carnaval,
além da bala.
Eu tenho algum sorriso para dar?

Vejo o mundo como a minha casa.

E você?

Fotos: Giorgio Filomeno

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