12/27/2011

Antes de amanhecer uma barata



Esta madrugada
eu pretendia descansar.

O mundo me atravessando avassalador
ofegante desejo de erguer as pernas
des
cansar.

Então, tomei os comprimidos
de tédio
o mesmo livro de sempre
e uma barata cruzou o quarto
uma barata muito grande

quatro tentativas de eximir
uma espécie antes do amanhecer

asquerosa
me enfrenta, passeia na sala.

Mudo de quarto
ela entra pela fresta da porta
não vou apagar a luz
ela gosta de escalar
corpos vivos,
edredons
gavetas de papéis
pode querer minha boca.

Abro as janela,
pego o chinelo
quase vencida
matoa-a.

Preciso de mais naftalina
ou coragem
penso.

2 comentários:

Ana Tereza Nuvem disse...

adorável poema dona moça!

e eu que me vejo - em tantas madrugadas que levanto a ir beber água na casa da avó, tentando alcançar a cozinha distante, no último cômodo -

quantas lutas travadas com baratas - no plural mesmo - aranhas e afins...

a gente saí ofegante, mas quase sempre consegue

não tem como ignorar, coragem de certo modo já temos. No entanto, para prevenir é bom um pouco mais das duas - coragem e naftalina!

Um beijo na senhorita!

O ato disse...

Suas escritas são sensacionais!
Já sou seguidora e convido-te a conhecer meu blog.
Fique à vontade Na minha Sala de Estar!
Um grande abraço!