12/12/2011

Erupção


Sento nos fundos
do barco furado
levando meus escombros
para uma ilha deserta

agachada
em alto mar
já presumo
a hora do naufrágio

levanto a bandeira
branca
me engulo

implôdo
há palavras demais
que eu não disse
mas estã comigo

e os sonhos estão
ao longe
onde o leme não pode mais
direcionar

arrastei essa âncora o mais longe
que pude

e toda a minha vida
não passam de fundos de paisagens
sem personagem fixo
tudo me passou
percorreu um curso
que eu não pude enlaçar
segurar
gozar

as sobras viraram
sombras
e prometeram desaparecer
com o tempo
mas elas se escondem junto
às rimas e imagens

me perseguem

espalho cascalho
espero os cacos
me costurarem
avisto
apito

naufrago

renasço
nas chispas de luz
da
lava

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