Te trago na palma da mão
Me sobraram dessas linhas todas
uma caixa de objetos
quase sem vida
Me sobraram
alguns restos-papelão
um gesto avulso
uma garganta inflamada
e estas dores internas
Na caixa da minha garagem
têm um guarnapo
com uma promessa efêmera
a culpa de um fracasso quebrado
as lagrimas secas
e as penas de mandar embora
o pó dessa última história
Onde me crio
Onde a jaula do meu leão
Se rompe
Onde corro uma fenda
Na perna,
quase sempre
só me restam
rostos-vapor
vozes-tumores
que a memória me cadeou
Há guardado no papeleão
Da minha garagem
Uma janela quebrada
Um cano furado
E uma lâmpada lascada
Há na garagem de mim
Caixas abertas
varais enozados
E perdas de tempo
Há cavado na minha unha
As sujeiras e os apreços
a covardia impregnada
nas portas erradas
que eu insisti em escancarar
para ver a visita de perto
Nos fundos desse porão cadeado
acasos risonhos desta incansável
vida de horas mortas
Que por mais dolorida a lembrança
cadeei e encadeei
e o tempo de vida
não me libertou
3/06/2007
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Um comentário:
mãezinha de deus mas faz cópia desta chave flor!!! lindo!!!
beijares diários
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