4/02/2007

Indiara Nicoletti Ramos- Assombrear


Assombrear

Ao caminhar na rua assombreio a calçada com a sombra do corpo e da saia próximo ao poste.Atiro a ponta do cachecol para trás do ombro que assombreia meu pescoço e me protege do vento.
O cachecol aquece o coração assombreado pela hipótese do fruto do choque de temperaturas.Meu corpo quente, o vento gelado.
A lã que derrete a friagem e protege a carne do vento, impedindo que a testa se assombreie de muco e eu me tente a ficar na cama de manhã.
A coberta assombreia o corpo na cama e de sua sombra não quero me libertar.Assim como pássaro no ninho.
O batom sombreia de vermelho a fronha branca.Estava muito cansada para lavar o rosto.E afoita para saciar o desejo dos corpos que se assombreiam na noite. Iluminados pela luz das estrelas.
O brilho vem de dentro, pois se a estrela me ilumina eu assombreio teu caminho.
Assombreio teu rosto que me ilumina com o brilho das estrelas nos olhos.Seus olhos brilhantes feito duas estrelas penetram meu coração já apaziguado e me assombreio de desejos.
Olhos sombreados, pelo ato de assombrear a pálpebra bem de leve com dedos lânguidos mergulhados ao vinho.
Olhos que se sombrearam pelo instante de consciência, de lembrança dos corações que pulsam juntos e se despedem.
Olhos que sombreiam o caminho das estrelas...




É manhã, Os pássaros cantam, desperto antes do despertador.Me coloco diante da pia e assombreio o espelho com um sorriso irônico e debochado após enxugar o rosto com a toalha.
Rio de mim mesma, assombreada com o sonho de despertar com o canto dos pássaros que anunciam o nascer do dia.
Sendo que rotineiramente esses cantos assombreiam a hora em que me deito, exaurida e assombreada pela lua que é o sol de toda escrita.
Assombreio o desenho da boca com batom vermelho, os olhos assombreio com a luz do despertar que se reflete no espelho.
Sigo assombreando a nuca com o dedo embebido de perfume, hoje é almíscar.
Almíscar que assombreia o caminho da abelha e da borboleta, almíscar assombreada pelo vento que leva o evaporamento da essência assombreada pelos raios de sol.
O dia passa, dia cheio de luz e sol.Mas quantos sois são necessários para derreter o assombreamento que plantaste em meu ser?
Pergunto a mim mesma quando os olhos florescem no espelho, de novo o espelho.Aproveito para assombrear a boca, retoco os lábios vermelhos assombreados pela lembrança dos teus beijos.
Caminho de volta para casa, o sol já se despediu há horas e meus pensamentos assombreados de emoções navegam em direção à Lua.Assombreio a calçada com a sombra do corpo e da saia próximo ao poste.
Assombreada pela lembrança da luz dos teus olhos para diante a cantina.Atiro a ponta do cachecol para trás do ombro que assombreia o pescoço e me protege do vento.
Meu coração assombreado pela hipótese do muco assombrear a testa se aconchega e estabiliza.
Mas nem toda lã é suficiente para derreter o assombreamento de uma paixão.Te vejo,você me olha assombreado por tua namorada.
O brilho de estrelas dos olhos se encontram, assombreados pelo instante de consciência do que é. A consciência assombreada repentinamente pela lembrança do que foi.
Meu coração se assombreia mais ainda, me levando ao impulso natural de subir as escadas da cantina em direção ao seu encontro.
Vejo as estrelas dos seus olhos se dilatarem feito cratera no espaço.Sua mão assombreia a pele da namorada que me abre um luminoso sorriso.
O assombreamento do espaço de corrente de luz que habita o distanciamento dos nossos corpos me envolve de calor latente.
Escuto teu coração no meu pulso.Me aproximo e deliciosamente assombreio tua pele do rosto com meus lábios assombreados de vermelho.
Me deleito com a visão de boca vermelha que assombreia tua carne ao lado da namorada.Teus olhos de estrelas me olham e mergulham dentro de todas as paredes do meu ser.
Iluminando todos os assombros empoeirados que habitam meu ser nas últimas tardes.
Continuo te olhando, amor...Enquanto converso docemente para que não notem minhas assombrosas bochechas vermelhas.
Assombrosamente você puxa uma cadeira para que eu me sente ao teu lado.Eu êxito um pouco, mas acabo te cedendo mais alguns minutos de minha presença assombreada pela viva lembrança da união dos corpos.
Converso e assombreio a boca e o sangue com vinho cada vez que a sombra das luzes dos nossos olhos se amam no espaço.
Já não sei mais o que penso, já não sei mais o que sinto.Escrevo a sombra do pensamento, do teu pensamento que me assombreia enquanto me escuta neste momento.

Nenhum comentário: