É sol. E no meu rosto é uma tempestade.Vai com ela. Vai com ela. Aqui em mim, será o mesmo tempo sempre. Acaso um dia ela pode ter o meu cheiro ou o meu cabelo que se emaranha nos nossos corpos?Acaso será ela, dividirá a mesma dívida, a mesma dor?Ela acordaria para passar a mão no seu rosto quando você chora? Acaso agora ela poderia lutar pelo seu sonho, como um dia seu sonho era o meu sonho?
Vai com ela. Em mim há muitos nós, muitas tranças.Se um dia você ficasse saberia as alegrias e as tristezas, porque eu te dei um cristal, mas quebrei peças, rasguei concertos, sussurrei errado muitas notas da sua ópera.
Eu desviei seu caminho, te dei algumas rasteiras. Mas eu juro que tudo foram chagas plantadas na minha fala, na minha respiração. Enquanto você ia, eu te puxava. Enquanto você ficava, eu te amarrava. Parece que eu sou você. Parece que entre o meu querer e o meu querer te ter, o te ter me parecia mais seguro. Mas eu não te tenho mais.Você rasgou minha calcinha também. Mas eu te perdoei a ausência, perdoei tanto que queria voltar. Mas no seu olhar está a ida, com ela.Talvez pela sombra, ou pelo rouge, ela pareça mais qualquer coisa. E eu, depois do tempo gasto no calendário abatido, do tempo gasto cotidiano e tão mesmo em sentidos, ainda sou a mesma. Até porque foi eu quem mandou você ir. E quando se vai, a ida tem uma coisa com o vento. O vento nos sopra quando estamos indo sem a certeza de chegar a algum lugar. Porque a certeza é o destino que o medo tenta resgatar. Sem a certeza o medo se aflora e a dúvida que no início é aterrorizante vira um estado permanente do ser. E na dúvida, qualquer chão qualquer lugar, é um lugar com uma liberdade de descoberta que só a dúvida pode aventurar.
Agora depois de um tempo eu achei que você pudesse ficar. Porque ter você também é bom.
Mas no seu olhar, no seu olhar está a ida, com ela. E eu só posso dizer: " Boa viagem".
5/07/2007
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