3/17/2008

Carta dos pingos.



Sobraram muitas boas lembranças dentro do pote na estante do porão. As vezes eu olho o vidro de perfume que acabou. tenho vontade de discar os números e ficar invisível falando com você através dos sinais. quando chove, pode olhar a janela e ter certeza de que eu estou escorrendo em algum lugar. muitas partes de mim estao sem vontade de continuar. as palavras ficam diluindo enquanto durmo, depois elas viram uma poça. quase sempre eu acerto a lama.ando com um medo do mundo que..mesmo se você me desse a mão eu pensaria que é tarde demais. os olhares me medem por todos os lados.as pessoas choram porque não são a poesia que eu escolhi. mas não sou eu quem escolho o poema.ele é quem vem me caçando entre tábuas e sopros de dor.eu só escrevo sobre a dor. a dor que as vezes fica cintilante de tão carregada.ás vezes eu preferiria ir embora. pra sempre.porque parece que a minha voz sai entre o mundo, e o mundo tem um tampão grande no ouvido. sou lesma.uma lesma frágil e feia que fica esperando enquanto anda devagar.as vezes o mundo me pede água. e nem de gelo nem de água minhas retinas se enchem. eu nao tenho mais nada para dar.quem vai ficar comigo?por que essa lâmpada da madrugada se quebrou.e parece que a luz é frágil. parece que uns gaviões estao com facas querendo me pegar.eu tenho muito medo de mim. do que não posso fazer.do que pareço para o outro, mas não sou. de verdade. não sou.tenho medo do que ainda nao consigo.ás vezes quando tudo voa espaço a fora eu lembro de nós em cima daquele telhado. o telhado tinha um monstro feio. e nós ríamos do feio. hoje temos medo dos monstros, de sermos nós o monstro mais feio. nós ríamos entre os corredores de um sonho que até então era nitidamente possível. só a neblina e os chocolates nos inspiravam.era tão bom inventar de chorar sem motivo.embora você sempre tivesse no escuro, sempre foi você a minha luz maior.não importa agora se você me vê como uma nódoa.eu sou um resto de pó. que sobrou em cima do seu lençol.eu quis ficar ali, para ningém me ver. se soprar, deixe que eu tome a dimensão do seu quarto e do seu pesar.eu não tenho mais nada o que prender.pesar.perder.


5 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Ryana Gabech disse...

lógica..lógica...vã procura

Bárbara Damásio disse...

Ryana
que saudades
coloquei uma foto nossa
no meu blog
www.barbara-damasio.blogspot.com
te amo.
"Naveguei em Navegantes"

Alex Nascimento disse...

tudo bem gente ta lindo

Anônimo disse...

num pingo só, me debrucei sobre teus monstros meus monstros o percorrendo. eles todos doíam o quotidiano das negações. fui um barco naufragado na penumbra do outro. e teu poema me levou me levou pela mão.