4/05/2009

A Águia do Norte

o relógio vai deitando no tempo
e esses lixos
gases e moedas
tintilando no carbono e no petróleo

um retrato empoeirado na estante
a água enchendo a casa
as paredes e janelas
chorando
uma saudade de um abraço
nunca concebido

no tempo corrido
segundos, vestidos vermelhos
escondidos em gavetas em decomposição

um ar
você vem rasgando todas cortinas
acendendo velas no meu sonho

são espelhos quebrados
pendurados na entrada da sua porta

barulhos no sótao
selvagens animas
de guarda

mas algumas danças entre as mãos
e os braços
o sinuoso gesto do quadril
um sorriso rio


A passagem se abre
qual olhar
eu poderia colher esta manhã?

é um labririnto de fogo
onde a águia
queimou uma asa

E neste sofá azul
esperou para ouvir histórias
e correr os dedos por
entre os meus cabelos

quero abraçar a sua parte
que mais me dói

voar
machucada

2 comentários:

aurélio árcade disse...

que final lindo.

FREDERICCO BAGGIO disse...

Quando a gente passa por aqui... a gente passa um café forte... para ficar disperto... e nao perder nenhuma letra!
Quando a gente passa por aqui...
a gente entra...
para dentro.

Obrigado... por fazer parte...
do meu dentro.