4/22/2009

A lanterna do monge




quarto escuro
fresta de luz
no fim da janela

o eremita veste sua roupa
caminha solitariamente pelo sótão

muitos já se foram
e ele deixou muitos
para trás


o eremita encontra os pedaços
de seu corpo de ontem
as fotos dos que morreram
as linhas ainda jovens
de suas mãos

olha fixamente a escuridão
respira fundo
e chora

chora

até que as lágrimas
sorriem
e acenam
a serenidade
no semblante

caminha
com a cicatriz no peito

fervendo de saudades

Um comentário:

Telma Scherer disse...

Bons poemas! Li, passeei e fiquei muito feliz de ver o teu trabalho amadurecendo, crescendo, enfim, desabrochando cada vez mais. Parabéns!