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Eu te faço voltar
a tuas pegadas marcadas em um tapete
de crochê
nós dois moldando nossos corpos
argila vermelha
marcas de tinta
nas costas
o desenho imaturo dos seus olhos
eu escrevo na terra
as palavras que tua boca vai falar
tateio teu respiro
contenho teu gemido
eu tranço tecidos na noite
com o seu nome
pinto a bailarina pálida
que passeias de mãos dadas
com as minhas mãos
Eu sei todos os segredos
e as ameaças que te retém
Eu sempre te espero
como uma velha rendeira
de lábios molhados
e cama derramada de néctar
desta flor que povoa o jardim
seu nome preso entre os meus cabelos
esta torre entre nós
Há luzes nesta sala
sem o seu riso
É noite
e você se esconde
Há sussuros e cães
a uivar
Sou a mosca da sua sopa
puta de presépio
a ferroar
os seus sonhos
marasmo
cama
e memória
*foto: Estrela Polar
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