4/14/2009

Para um amor escondido na casa



Eu te faço voltar
a tuas pegadas marcadas em um tapete
de crochê

nós dois moldando nossos corpos
argila vermelha
marcas de tinta
nas costas

o desenho imaturo dos seus olhos

eu escrevo na terra
as palavras que tua boca vai falar
tateio teu respiro
contenho teu gemido

eu tranço tecidos na noite
com o seu nome

pinto a bailarina pálida
que passeias de mãos dadas
com as minhas mãos


Eu sei todos os segredos
e as ameaças que te retém

Eu sempre te espero
como uma velha rendeira
de lábios molhados
e cama derramada de néctar
desta flor que povoa o jardim


seu nome preso entre os meus cabelos
esta torre entre nós

Há luzes nesta sala
sem o seu riso

É noite
e você se esconde

Há sussuros e cães
a uivar

Sou a mosca da sua sopa
puta de presépio
a ferroar
os seus sonhos


marasmo
cama

e memória




*foto: Estrela Polar

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