7/31/2010

Vozes roucas- Para Amanda Gartner


Nossas vozes
roucas na madrugada

cordas e oboés desafinados
harmônicos
descompassados

vozes cansadas
de um peito ameaçado
fogo cruzado
que era um papo furado
apenas.

Uma risada mais extasiante
com o grupo:
forte como a terra
invencível como os ventos

entre os nós da garganta
cânions

cânions entre cordas
arranhando

um violão baixo
álcool inundando
o piano grave

uma marca sem máscara
acende entre todas as conversas
da sala

um farol fraco
sem linha final

sal e cercas
arame farpado

notas machucadas
manchadas

na passagem do som

2 comentários:

ítalo puccini disse...

que construção maravilhosa! imagética demais. que vai levando assim o leitor. adorei!

baía disse...

nossa rouquidão, nossa assinatura, nossa marca... vozes marcadas, censuradas... sem ar! adoreiii vamos performar!