Há na transparência
o refugo de um respiro agoniado
o vidro não podia me mostrar
eles não entenderiam
Que a vida só podia existir
Por detrás da mancha de gordura.
7/17/2006
Da transparência
Há um caule morto
por detrás do vidro
a transparência da forma
me ramificou a melodia dos anos
as linhas entre os azuleijos do chão
me abraçam
meus olhos direcionam ao nau descanso
dissolve todos os cacos
cerra minha fronte
detrás do vidro
eu preferia não me adormecer
por detrás da transparência
eu preferia me mostrar
já ser morte.
por detrás do vidro
a transparência da forma
me ramificou a melodia dos anos
as linhas entre os azuleijos do chão
me abraçam
meus olhos direcionam ao nau descanso
dissolve todos os cacos
cerra minha fronte
detrás do vidro
eu preferia não me adormecer
por detrás da transparência
eu preferia me mostrar
já ser morte.
7/11/2006
Meio alheio
Eu,
não tenho controle
do submeio
são coisas simples
uma janela quebrda
um botão de roupa
uma costura esfarelada
pelo ranço da minha pele
cansada de suar.
O tempo não me deixou
movo a força
movo a tensão
mas a força não me move
não me resplandece
não me sorri
a luz final do túnel
e vejo a força
taciturna do tempo
me perdendo
a morada do corpo
entre pilares cinzas
as ruas longas
da capital arredia
alheia ao silêncio
da minha muda camada
de paz
não tenho controle
do submeio
são coisas simples
uma janela quebrda
um botão de roupa
uma costura esfarelada
pelo ranço da minha pele
cansada de suar.
O tempo não me deixou
movo a força
movo a tensão
mas a força não me move
não me resplandece
não me sorri
a luz final do túnel
e vejo a força
taciturna do tempo
me perdendo
a morada do corpo
entre pilares cinzas
as ruas longas
da capital arredia
alheia ao silêncio
da minha muda camada
de paz
Antúrio dos Anjos anuviados
Mulher,
Quem te sossega esse coração?
Fizeste o berço
Ergueste os braços
Acolheste o desabrigado
Pagaste as contas
Adiantaste o almoço
Tomaste dois comprimidos
Quem te absolve deste estilhaçar
De teus cacos confusos
No chão?
Te esmagaram no piso
A mesma mão que te almofadou
Os pés
Em teus sapatos de cristal
A mesma mão te rondou
breve
que acariciou tua cabeça,
quebrou efêmero e calejado
tuas esperanças empilhadas na cabeceira
do sonho
Não dormiste a espera
Do teu abrigo
Passaste em claro
Unhas e borrões
Perdeste o jogo
Apostaste o pife
A mesma mão que te convidou à mesa
puxou a toalha
e te despedaçou
te deu com o baralho na testa
entortou teu garfo
esqueceu tua sobremesa
Mulher,
há em ti ou no outro
um coração
espreito demais
trancado demais
quem se atreveria
ao te ver tão espinhosa
tocar teu rosto?
Tua pele machucada pelo medo
às vezes pareces pedra
às vezes te redemoinha
às vezes imploras o buraco negro
te penteia
choras em público
te escorregas de dor
e escolhes o dedo apontado
como teu aliado.
Não te sobram quereres
emudeceste o teu íntimo
te faltam forcas para a voz
do novo
não te arriscas
tua outra mesma vida pequena
Mulher,
Tens medo de pular!
O mundo é mais contente que tu
O mundo te parece contente
Enquanto lamentas tua solidão
Queres gritar
Mas não podes,
Há crianças pequenas na vizinha
E a casa vazia pode assustar
Passa da hora em que gritar
É permitido.
A culpa do teu choro és tu
teu espelho do mundo
te enlouqueceu
deste a roupa
deste o alimento
e teu cão te mordeu
aprende mulher
que a vida de um
que de bandeja te fizeste
ao lado
a vida e outros
que de maçã em maçã
ficaste sem o circo
manca dentro
aprende a soltar teus balões
ferver teu café
e ser
teu ninho coberto
constrói teu teto
para que ainda possas
no relampeio
sorrir para as próximas
tempestades.
Quem te sossega esse coração?
Fizeste o berço
Ergueste os braços
Acolheste o desabrigado
Pagaste as contas
Adiantaste o almoço
Tomaste dois comprimidos
Quem te absolve deste estilhaçar
De teus cacos confusos
No chão?
Te esmagaram no piso
A mesma mão que te almofadou
Os pés
Em teus sapatos de cristal
A mesma mão te rondou
breve
que acariciou tua cabeça,
quebrou efêmero e calejado
tuas esperanças empilhadas na cabeceira
do sonho
Não dormiste a espera
Do teu abrigo
Passaste em claro
Unhas e borrões
Perdeste o jogo
Apostaste o pife
A mesma mão que te convidou à mesa
puxou a toalha
e te despedaçou
te deu com o baralho na testa
entortou teu garfo
esqueceu tua sobremesa
Mulher,
há em ti ou no outro
um coração
espreito demais
trancado demais
quem se atreveria
ao te ver tão espinhosa
tocar teu rosto?
Tua pele machucada pelo medo
às vezes pareces pedra
às vezes te redemoinha
às vezes imploras o buraco negro
te penteia
choras em público
te escorregas de dor
e escolhes o dedo apontado
como teu aliado.
Não te sobram quereres
emudeceste o teu íntimo
te faltam forcas para a voz
do novo
não te arriscas
tua outra mesma vida pequena
Mulher,
Tens medo de pular!
O mundo é mais contente que tu
O mundo te parece contente
Enquanto lamentas tua solidão
Queres gritar
Mas não podes,
Há crianças pequenas na vizinha
E a casa vazia pode assustar
Passa da hora em que gritar
É permitido.
A culpa do teu choro és tu
teu espelho do mundo
te enlouqueceu
deste a roupa
deste o alimento
e teu cão te mordeu
aprende mulher
que a vida de um
que de bandeja te fizeste
ao lado
a vida e outros
que de maçã em maçã
ficaste sem o circo
manca dentro
aprende a soltar teus balões
ferver teu café
e ser
teu ninho coberto
constrói teu teto
para que ainda possas
no relampeio
sorrir para as próximas
tempestades.
Antúrio negro dos Anjos
Antúrio negro dos anjos
Vê, ninguém assistiu
à formidável queda
da tua última esperança
afogada na esquina do teu cais
Ninguém está à tua deriva
diante da tua mesa e luz chorando contigo
esse sem descanso pranto
Pega,
toma os aplausos que te gorjearam
pega pluma te prometida
pega o rasgo do teu pranto morto
e enterrado por essa ilusão
Vê,ninguém te remendou
o castelo desabado
na estrada da tua derrota
Ninguém previu
teu suado rumo
Ninguém respirou
teu último poema
jogado as águas beiradas deste litoral
Nem a onda nem a bruma nem o vento
te consolaram o reboco desta ultima ruína
Pega a faca,
dilacera tuas vestes
já não te resta mais nada
deixa de queimar fotos
que as fotos não te causam repugnância
a repugnância inevitável de teres te sido
até o fim de tua verdade
pega a bíbliaega o livro
pega o banco
dessa ridícula esperade
que ainda se alimentava teu coração
Que também o coração homem
já te apontava o mesmo erro
o mesmo alvo
Pega a caneta
engole a tinta
a escrita da tua palavra cansada de vãos
Essas palavras que te falam
mas parecem não te ver
essa palavra que te sonda
te ronda
dizer
o grito
se embrulha no papel jornal
e desiste de ti
de uma vez por todas
Pega tua garganta
tranca teu rasgo
esse rasgo que te previu
a mesma boca macia
que enganou, que te cuspiu
Pega a linha
deixa limpa tua sina
dispensa tua pedra
tua caixa empregada
tua aflição corrosiva
tua primeira primavera
Vê,
ninguém viu descartado
teu único contrato de risos
ninguém segurou tua mão
ninguém te amarrou o cadarço da sandália surrada
teu espasmo
teu elo ao sentido
esparramado no papel
tua gota d’água de olhos lágrima
te afoitou vingadora
marcou a página
que a vida não te permitiu
pular.
Vê, ninguém assistiu
à formidável queda
da tua última esperança
afogada na esquina do teu cais
Ninguém está à tua deriva
diante da tua mesa e luz chorando contigo
esse sem descanso pranto
Pega,
toma os aplausos que te gorjearam
pega pluma te prometida
pega o rasgo do teu pranto morto
e enterrado por essa ilusão
Vê,ninguém te remendou
o castelo desabado
na estrada da tua derrota
Ninguém previu
teu suado rumo
Ninguém respirou
teu último poema
jogado as águas beiradas deste litoral
Nem a onda nem a bruma nem o vento
te consolaram o reboco desta ultima ruína
Pega a faca,
dilacera tuas vestes
já não te resta mais nada
deixa de queimar fotos
que as fotos não te causam repugnância
a repugnância inevitável de teres te sido
até o fim de tua verdade
pega a bíbliaega o livro
pega o banco
dessa ridícula esperade
que ainda se alimentava teu coração
Que também o coração homem
já te apontava o mesmo erro
o mesmo alvo
Pega a caneta
engole a tinta
a escrita da tua palavra cansada de vãos
Essas palavras que te falam
mas parecem não te ver
essa palavra que te sonda
te ronda
dizer
o grito
se embrulha no papel jornal
e desiste de ti
de uma vez por todas
Pega tua garganta
tranca teu rasgo
esse rasgo que te previu
a mesma boca macia
que enganou, que te cuspiu
Pega a linha
deixa limpa tua sina
dispensa tua pedra
tua caixa empregada
tua aflição corrosiva
tua primeira primavera
Vê,
ninguém viu descartado
teu único contrato de risos
ninguém segurou tua mão
ninguém te amarrou o cadarço da sandália surrada
teu espasmo
teu elo ao sentido
esparramado no papel
tua gota d’água de olhos lágrima
te afoitou vingadora
marcou a página
que a vida não te permitiu
pular.
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