10/08/2006

Feliz Cidade

Por causa da dor, cortou o cabelo. Cavou o buraco, jogou as sementes. Não plantou. Caminhou serenamente por entre os mormaços do fim da noite.Disse " oi". Não disse obrigada. Esqueceu o riso. Gritou dentro de casa. Pediu mais uma chance. Implorou. Queria entender o limite. Onde acabava e começava tudo aquilo. Onde ia parar o latejar. Poderiam ver. Poderiam machucar mais a carne travada. Precisava de um motivo para encher o balão. Precisava de uma colher de prazer. Queria uma injeção contra o sentido. Podia ver viver e apropriar o jarro para o suco. Mas se inquietava com a incerteza sobre o certo e o errado. Serviria sonhar?Imaginar folhas, trens, passagens, encontros?Adiantaria sentir tudo aquilo só?Precisava respirar sem sentir, precisava ficar sistemática. Precisava de um cabresto para emoção. Sabia certamente que era impossível continuar sem limite. Sabia que se explodisse talvez ninguém entendesse porque tremia. Por que gritava. Queria ouvir os canarinhos para aliviar. Mas era quase impossível parar a sua busca. Essa sem limite de passagem e saída. Queria só ser feliz. Mas talvez, se não controlasse a amargura, seria difícil explicar seu ato. Mas era seu limite. Era limitada. Precisava se habitar para desbravar, será que seria mesmo aquela parada?Deveria mesmo fazer força para chegar àquele vagão?Estava deparada com a fronteira. Precisava chegar à Feliz Cidade.

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