10/23/2007

Borboleta








E quando dar a vez a um sonho. E tudo se confunde em poder ser inteiro aquele arco-íris sonhado.Fatos correm e afobam-se as labaredas da altivez, desconforto e medo. Um medo traidor de de repente a luz resplandecer. Como ser um pano límpido?Sacolas de lixo rugindo a escravidão da sujeira. Sujeira entre os dedos e as palavras negras. Migalhas de respiro, suspiro e descanso. Unhas de lince, pernas roçantes, e pêlos desconcertados. Cabelos, cabelos, cabelos. Sujeira entre as coisas más e um sentido de carinho pelos objetos.E se de repente tudo pudesse ser mesmo o primeiro impulso. Muitos tapas se dariam. E talvez muitas mortes. Muitos escândalos. E se eu pudesse ouvir toda a verdade? Mas talvez o sonho fosse tão possível quanto o fracasso, mais comum no impulso. O impulso de querer, faz parar o ar da caravela de existir. A caravela pára, lança âncoras e assegura o ser. O primeiro impulso tem a maior força do sonho. O impulso não se desgasta. Passa. Possível. Talvez o sonho fosse mais possível como um pavão que se abre em cores, foco, luz. Mas o que parece só um erro de caminho se fortalece e o monstro da desternura e do orgulho vencido toma maior forma. A forma de um ferro disforme em brasa. Se exposto, queima. E quando mesmo assim a ponte da vida com seu pavão resolve abrir alas?Você vai ser o próximo a seguir o caminho do arco-íris, o arco-íris que certamente você obstinou toda a caminhada? Você criou. Criou o segredo.Você também criou aquela ameba do canto da sala?Aquele ser quase vivo? E quando a conta vira papel e seus cálculos acertaram todos os seus erros. Um erro verídico. Quem está disposto a perdoar? E se você dissesse o íntimo. A verdade mais crua e cruel?E se nunca mais pudesse fingir? E se não quisesse fingir?Falo com muitas vozes.Muitas vozes. Conheço alguma das suas.E se de repente eu pudesse tirar de uma vez por todas essa máscara?

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