3/10/2008

Em mim *foto: Raquel Stolf




o fantasma de você

assombrando todos os cantos


a fumaça sem você


meus olhos vermelhos no espelho


meses, folhetins

calçada sem branco


calçada sem suas pegadas


onde você anda?


crateras abrem na minha pele


e a sua escama

abre mais feridas


com o tempo

a cicatriz aumenta


com o seu sumiço


o meio de mim fica gritando


mas respiro e suplico


costuro a sangue frio




meus olhos amarelados no espelho


a torneira espalha água


barulho de ninguém em casa



a mesma água que sai de você


o silêncio de você


onde você me guarda em você?




seus copos de sonho



embebedam para infinito escuro


da madrugada



onde pousam suas chaves

mais secretas


eu quero quebrar



onde soa


a miragem de nós dois?








em mim.

2 comentários:

Anônimo disse...

consigo ver as cordas do Alegre penetrando entre as estrofes... o poema tá super musical, e branco, e azul.
espalhando como a água da torneira, talvez por isso eu não tenha sentido muita afinidade (recentemente mal consigo escrever em estrofes, quero tudo tão juntinho, textículo, será que isso diz algo sobre meu "eu atual" ahahah?)
mas o final é lindo.

Alex Nascimento disse...

depois do comentario do enzo não consigo dizer mais nada

abraço