4/05/2006

Dedos-Buracos
Minhas mãos trêmulas não sustentam
minha vida, vida.

Minhas mãos cheias de boca
não me resgatam
as duras penas que foi o ímpar trabalho
desse sorrisoque me unge.

Os buracos da minha mão
me corroem.

Tudo o que perdi,o que se encontrava
na palma
há um sopro de felicidade,
o tempo ventoso me arrancou.

A âncora dessa história sem fôlego,
não me revelou.
Eu não entrei em mim.
Por muitas vezes nem fui eu.

Os burcacos no azuleijo
a mancha de café na parede,
nada disso me respira no vôo casual
de me ser,
entre essas habituais
imperfeições dos amantes
da vida simples.

A luz que a vida quis dar
não gestei,
eu não escolhi ter vestido esses
cadáveres
pesos em mim.

A rapidez do tempo me arruinou.

Os sofás, as almofadas,
a janela serena de sol,
nada disso me sopra a eternidade.

Ainda me escorando
nos dias vividos
restauro a fronte
do meu ego-sistema

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