Ajoelhei-me
deitada no chão
contei as goteiras,
as gotas
abri
fechei
abri fechei
a janelinha esmiuçada do banheiro.
Nada me prende ao chão
nem o pó
nem a masmorra
movimentada do dia.
Eu contei o tempo
arregacei as horas
te insisti
te refalei
me adoeci,
nada
nada
nada
do que vi
foi resposta
das minhas perguntas.
Até a sombra de uma cadeira
marcada na parede
me parece mais livre
que essa história.
Até esses enfeites de macela
sobre a mesa
começos da escada
até tudo isso,
não me respondeu a pergunta.
Ou sou cega-surda
ou deveria ser mesmo muda.
Ou sou apropriada
fina folha de sulfite branca,
pasma,
ou a tentativa de me unir ao chão
ao pó assentado nas prateleiras
não passa de um tênue reflexo
sobre meus sentidos
escondidos
vistos
falados e ouvidos
desmerecidos.
4/08/2006
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