Venha,
me traga fugaz
as nossas boas partes
de nos ter sidos.
Venha para dizer
o
sim.
Matando
de vez
as vezes todas
em que o
não
imperou.
Venha no desenhos da minha cabeceira
nos movimentos dos meus dedos
ao te lembrar já estranho.
Venha me cheirar as mãos.
Venha ocultar
aqueles instantes todos
em que quis
me morrer
ao teu lado.
Venha para deixar na minha memória
ao menos uma ida
sem buracos.
Venha para acabar
com essa sujeira entalada
nos olhos do nosso
convívio interno.
Venha para uma visita.
Para um dia sem as demarcações
dos nossos choros.
Nossos gritos ainda empregnados
nessa parede
me lacrimejam a sua bruta ida.
Venha sim!
Nem que seja para abrir e fechar
nossas esperas.
Venha para deixar um trevo
uma semente
um pedaço de pano para a mesa.
Quantas vezes lamentei
os panos escassos
das mesas dessa casa?
Venha trazer uma respiração
sem parto.
Venha trazer um pulso
um ponto-cruz,
algumas maçãs.
Traga algo.
Para as vezes que
deitar minha cabeça
para trás
não seja uma culpa sua.
Para que eu não chore
as vezes em que retomar
um lira dessa lembrança sem cortes.
Para que não me abafe a calma
as vezes que rir
a sua gargalhada comprimida,
tão odiada por mim.
Para as vezes em que eu
bater na porta
dessa solitária história.
Venha me trazer um resquício
dos nossos ridos conflitos.
Um alfinete
uma agulha
um botão
feliz!
Para que eu possa caminhar
nesse sol pairante
sem a sua sombra
incompleta.
4/19/2006
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