quero um poema que junte
todos os meus caquinhos
que me desenhe
em pedaços
pedaços que se ausentaram
lascas irregulares
lascas arrancadas
de uma parede
abandonada
quero um poema
que arranhe o sentido
que permaneça
verde em dois
como os olhos mata
amanhecendo em sol
quero um poema que
tenha dentes para sorrir
e caninos para defender
sua esteira de palavras
quero um poema que escorra
nos cabelos
como um banho de lama
açaí e ardor
quero um poema
que fique entre dois corpos
uma só passagem
quero um poema que costure
uma ferida
um poema
que carregue todas as linhas
bordadas em roupas de passagem
roupas que abrigaram o íntimo
e o desconhecido
quero um poema que amacie
o sono
mas que
lembre em penas
a leveza de ainda
dedilhar versos
quero um poema que cante
uma chegada
que assombre a cama do quarto
com tremores vivos
de quem geme o prazer
quero um poema
que piche o horizonte
interno
um poema que grite
no outdoor da avenida principal
eu desejo um poema
que fale o poeta
falando o mundo
pela televisão
em vinhetas coloridas
e banais
quero um poema
em goles bebida barata
e quero um poema com
instruções de uso
para aqueles
que não tem dedos
sutis
para acolher
a poesia
quero um poema
sem dores nos braços
quero um poema com fartura
um poema que não fale
um problema,
mas que descanse os olhos
e a alma
de quem lê
um poema
que fale ao bueiro
e à Imperatriz
que diga a qualquer um
que exista e esteja vivo
vibrando
que fale como um ser vivo
que mostre o sapo morto
e que cheire o chorume das ruas
um poema que traga um suor
e um gozo
um transpiro
e um respiro
e um vôo livre
todos os meus caquinhos
que me desenhe
em pedaços
pedaços que se ausentaram
lascas irregulares
lascas arrancadas
de uma parede
abandonada
quero um poema
que arranhe o sentido
que permaneça
verde em dois
como os olhos mata
amanhecendo em sol
quero um poema que
tenha dentes para sorrir
e caninos para defender
sua esteira de palavras
quero um poema que escorra
nos cabelos
como um banho de lama
açaí e ardor
quero um poema
que fique entre dois corpos
uma só passagem
quero um poema que costure
uma ferida
um poema
que carregue todas as linhas
bordadas em roupas de passagem
roupas que abrigaram o íntimo
e o desconhecido
quero um poema que amacie
o sono
mas que
lembre em penas
a leveza de ainda
dedilhar versos
quero um poema que cante
uma chegada
que assombre a cama do quarto
com tremores vivos
de quem geme o prazer
quero um poema
que piche o horizonte
interno
um poema que grite
no outdoor da avenida principal
eu desejo um poema
que fale o poeta
falando o mundo
pela televisão
em vinhetas coloridas
e banais
quero um poema
em goles bebida barata
e quero um poema com
instruções de uso
para aqueles
que não tem dedos
sutis
para acolher
a poesia
quero um poema
sem dores nos braços
quero um poema com fartura
um poema que não fale
um problema,
mas que descanse os olhos
e a alma
de quem lê
um poema
que fale ao bueiro
e à Imperatriz
que diga a qualquer um
que exista e esteja vivo
vibrando
que fale como um ser vivo
que mostre o sapo morto
e que cheire o chorume das ruas
um poema que traga um suor
e um gozo
um transpiro
e um respiro
e um vôo livre
brinde
em um momento
de prisão
que não hesite em virar
em todas as esquinas
que sobreviva a calçada
e a dor do amor
um poema que ocupe
um lugar concreto
que ocupe uma cadeira
em algum lugar
do mundo
um poema com a certeza
de uma descoberta
e a leveza e liberdade
de um vapor cheiroso
um poema que descasque uma fruta
um poema que amarre as mãos
de quem não é feliz
um poema que faça ver um cego
um poema oração permanente
que não hesite em virar
em todas as esquinas
que sobreviva a calçada
e a dor do amor
um poema que ocupe
um lugar concreto
que ocupe uma cadeira
em algum lugar
do mundo
um poema com a certeza
de uma descoberta
e a leveza e liberdade
de um vapor cheiroso
um poema que descasque uma fruta
um poema que amarre as mãos
de quem não é feliz
um poema que faça ver um cego
um poema oração permanente
sussurada
a cada momento do dia
sem precisar
ajoelhar
um poema sem janelas
e com toda a paisagem
sem maneiras de dizer
e com toda a paisagem
sem maneiras de dizer
sem pudor
ou baton
um poema que corra ao meu
lado
que acompanhe a travessia
em silêncio
um poema sem vergonha
de vestir
e despir
um poema sem afirmação
um poema que conviva
no barulho da chaleira
que converse as águas que
escorrem da louça
um poema borrão do chão
um poema que assente como a poeira
no porta-retrato
com uma pulsão
sacudida
um poema com uma dúvida
que pertuba e desperta
imediatamente
que faça andar a quem está imerso
no parado
ou baton
um poema que corra ao meu
lado
que acompanhe a travessia
em silêncio
um poema sem vergonha
de vestir
e despir
um poema sem afirmação
um poema que conviva
no barulho da chaleira
que converse as águas que
escorrem da louça
um poema borrão do chão
um poema que assente como a poeira
no porta-retrato
com uma pulsão
sacudida
um poema com uma dúvida
que pertuba e desperta
imediatamente
que faça andar a quem está imerso
no parado
que faça rir
a quem quase está
que faça chorar
quem a muito tem amarrado uma vontade
uma confissão oculta
de jorrar todas as pedras
reunidas no meio do corpo
em líquido salgado
torrente que liberta
quero um poema
com uma camada de vento
e brisa
para respirar as ventanas
de quem precisa de mar
nos ouvidos
para aqueles que desejam
se encher
e se esvaziar
quero um poema que aja
como um grão de areia
grudado entre os dedos do pé
permanentes até a terceira saculejada
que coce
afete
trema
um poema chocalho
em notas sujas
e cheias
juntas
um poema-marca
que faça sentido a quem
mexeu
mobilizou
que faça chorar
quem a muito tem amarrado uma vontade
uma confissão oculta
de jorrar todas as pedras
reunidas no meio do corpo
em líquido salgado
torrente que liberta
quero um poema
com uma camada de vento
e brisa
para respirar as ventanas
de quem precisa de mar
nos ouvidos
para aqueles que desejam
se encher
e se esvaziar
quero um poema que aja
como um grão de areia
grudado entre os dedos do pé
permanentes até a terceira saculejada
que coce
afete
trema
um poema chocalho
em notas sujas
e cheias
juntas
um poema-marca
que faça sentido a quem
mexeu
mobilizou
ou cortou
algo em si
um poema que leia
o olhar vedado
de um sonho
que esperou muito
para acontecer
e ainda está
uma poesia que dissolva entre os membros
do corpo
uma poesia que tenha pernas
próprias
uma poesia que dissolva entre os membros
do corpo
uma poesia que tenha pernas
próprias
que ande sempre
que nasce
cresce
reproduz
e reproduz
sempre
que console um desespero
que molhe as retinas gastas
que refresque a pele
e acene com alegria
e asas
todas as
chagas
redemoinhos
e escancaros
presos na memória
presos na memória
um poema que cure
a falta
que aceite a morte
que ensine a vontade
que seduza o paladar
que acalme com duas mãos
quentes
uma grande dor
que traga um copo
de esperança
para quem precisa
permancer
que distribua senhas
infinitas
para os que pedem socorro
para viver
foto sobre o trabalho de Pina Bausch
2 comentários:
IÇA!!!!
Senhas pra dar sede....viver!!!
Campeche
Ó menina
não se lembra ?
Quem contou
foi Frei Dadá
Iracema
áquela lenda
é um arroio
a caminhar
Sentada na cachoeira
vendo a agua derramar
alí mesmo
Iracema
toma o seu banho de mar
ò menina
Iracema
toma o seu banho de mar
Tatiana Cobbett
adorei teu blog ryana! mesmo, de verdade, sem mentira, podes crê, é isso aí!
beijo
pedro mc
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