3/24/2006

Passa eira

Roda incessante
gira sem parar.

A roda passageira
do tempo me levou,
não há mais nada de mim
antes.

Eu me pareço
padeço de outro.

O anunciador timbre
de um portão aberto
me esconde
não espero a passagem das visitas.

Uma cidade sem prédios
se fecha circular,
sombra interminável
de um caminho
desprovido
céu desaberto.

Carrego e passo.
Antes que me marquem
a porta fechada da saída.

Poltronas não descansam
cabeças que não pesam
o travesseiro.

Entro e passo.

O amargor
de uma porta escancarada
não compensa
a estranheza
do caminho definhado,
pontiagudo final.

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