8/30/2007

tom

acaba de pousar em meu ventre
um poema

está coçando

procuro o sol do dia
escondido atrás do branco
chuvoso

alguém disse que
o sol
deu as caras

a cortina continua morta
o chão cheio de pêlos

um vestígio assombra
o meu ovido

arrasta-se em granidos
forças opostas
o denso movimento
que acelera entre
nossos corpos

a sua flor salvou o meu quarto
da escuridão

a sua peça
as roupas que te escondem
me trancam

quero falar com
a sua pele

mas a porta é um colar de péroloas
anéis, furtos
preços, tábuas
barras de metal

para te ver

quero seu júblo uivando
meus seios

quero a dança monótona
dos seus dentes
ruidosos
peramulando as minhas noites

procuro
a sua sobra
pelas laterais de um suspiro

e na casa
a casa que habita
a rouquidão de uma ausência

a casa
cheia de guilhotinas
cheia de máquinas
rupturas

e o relógio do tempo
apavorando os cômodos

e o tremor das xícaras

e o fulgor

da campanhia que grita

sua parte em migalhas


juntando os pedaços

ao fundo

na procura pelo raio

se difunde

liquefeito como nossos encontros
em sono

um tom

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